sexta-feira, 9 de março de 2012

Descaso cria cracolândia em zona central de Porto Alegre


Não deu na Zero, mas deu no Jornal Metro

Sem obstáculos, uma cracolândia está surgindo na região central central de Porto Alegre. Catadores e moradores de rua da Almirante Barroso aproveitam a tranquilidade do local para vender objetos roubados, consumir crack e fazer sexo no espaço público. Zona comercial durante o dia, quando anoitece a Almirante também é invadida por prostituras e travestis que potencializam o comércio de drogas. O movimento segue até o amanhecer. “É comum abrir a firma às 7h e alguém me oferecer um tênis ou um celular roubado para comprar crack”, relata o encarregado de produção Leonel da Silva Soares, que trabalha numa metalúrgica com sede na Almirante Barroso. Os funcionários, quando esticam o expediente até por volta de 20h, precisam sair da empresa em grupos para evitar assaltos. Segundo Soares, a população de moradores de rua cresceu nos últimos meses. A vice-diretora da Escola Estadual Camila Furtado Alves, Roselene Zottis, assistiu de camarote à degradação da rua. “Leciono aqui há 23 anos e nunca tinha visto decadência igual. É uma terra sem lei, as pessoas fazem o que querem”, diz, assombrada. É comum a professora encontrar cachimbos de crack e seringas pela manhã, quando chega à escola.O lixo acumulado na rua também incomoda. Gerente de uma confecção, André Ferrari também se assusta com o descaso. “O consumo de crack é intenso, a qualquer hora do dia. Não há o menor constrangimento”, observa.

Fasc só atende com chamado

A Fasc (Fundação de Assistência Social e Cidadania), que coordena as políticas assistenciais na cidade, informou ontem que não há nenhum registro de atendimento na rua Almirante Barroso para casos de consumo de drogas ou de vulnerabilidade social. Por meio da assessoria de imprensa, a Fundação explicou que só se desloca para um determinado local se receber uma notificação. Segundo a assessoria do órgão, nenhum pedido de atendimento na rua por parte da população chegou ao órgão nos últimos sete meses. A Fasc mantém nove equipes de abordagem na cidade, uma para cada Creas (Centro de Referência Especializada em Assistência Social) de Porto Alegre.

Creas do Centro já mapeou seis ‘cracolândias’

A Creas Centro, que atua na região da Almirante Barroso, já identificou pelos menos seis locais utilizados por grupos de moradores de rua para consumir drogas na região. A técnica Patrícia Mônaco, que atua na abordagem, disse que as ocorrências são muito comuns. “A falta de dados sobre a Almirante Barroso pode ser explicada pela ausência de moradores. É região comercial”, diz. Segundo ela, de 10 a 15 chamados são registrados diariamente no Creas Centro. Patrícia afirma que a estrutura de atendimento é insuficiente. “Fazemos o possível, mas é um problema maior. Não se cura crack com chá de camomila”, compara.

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